REFLEXÕES PESSOAIS
Alemka Dauskardt
“Há algo no universo – uma mente, um princípio ou uma inteligência – que comanda e ‘in-forma’ o fenômeno que estrutura e mantém unido o fenômeno que observamos no mundo.” Ervin Laszlo(2017)
“Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria ao homem tal como é: Infinito.” William Blake (1994)
Eu estimo o convite do editor para que os consteladores foquem no fenômeno da percepção representativa nas constelações nessa edição do periódico. Como um pilar, no qual toda a prática da Constelação se baseia, é surpreendente que artigos e discussões a respeito do tema sejam tão escassos. Provavelmente pelo fato de o tema ser muito difícil de ser abordado. Ou talvez pode-se argumentar que a exploração desse fenômeno pela maioria dos consteladores foi, e continua sendo, tratada do ponto de vista fenomenológico: chegando a nosso conhecimento por meio da experiência real de incontáveis constelações.
A atitude adotada por Bert Hellinger nos primeiros estágios do desenvolvimento, encorajou tal prática e, enquanto eu estava aprendendo sobre constelações, muitas perguntas surgiram em minha mente racional, tais como: “Como isso funciona?” Tais perguntas eram respondidas na seguinte linha: “Não sabemos como funciona, mas sabemos que funciona. Não conseguimos explicar, e não é necessário saber como funciona para que seja benéfico.” Essa era uma abordagem muito pragmática, que via o trabalho se espalhando enormemente, e que, de fato, tinha beneficiado muitas pessoas. Também nos manteve focados no fenômeno em si, ao invés de ficarmos o intelectualizando.
Mas a prática da constelação, que tem se espalhado por toda parte, invariavelmente, traz à luz questões mais amplas a respeito da natureza da consciência e da natureza da realidade, da natureza do mundo em que vivemos. Me lembro também de ouvir Hellinger dizer no início que uma vez que nos abrimos à experiência da percepção representativa e a levamos a sério, toda nossa visão do mundo tem de mudar.
Constelações, Ciência e Espiritualidade
Aposto que muitos de nós ainda nos lembremos daquele momento em que vivenciamos a percepção representativa, que nos deixou perplexos e surpresos. Cada um de nós tendo que chegar a um acordo sobre as implicações do inegável fato testemunhado em cada constelação – como um estranho representando uma pessoa que não conhece autêntica e precisamente canaliza a energia da pessoa, da situação ou de dinâmicas relacionadas.
Até então, ficamos tão acostumados a este fenômeno que não o questionamos, ou mesmo imaginamos sua natureza. O problema é que esses fenômenos dos quais a Constelação depende, e os usa na verdade, são incompatíveis com as crenças amplamente aceitas sobre materialismo científico, no qual o mundo material que observamos com nossos sentidos é a única realidade possível.
Como nós, praticantes da constelação, lidamos com esta situação é uma questão importante a se considerar, especialmente à luz do frequente clamor visando maior aceitação de nosso trabalho.
Alguns continuam a ignorar essas questões focando pragmaticamente na prática do trabalho. Outros se esforçam em realizar pesquisas e produzir ‘evidências científicas’ para o Campo do Conhecimento e para a eficácia do método.
Alguns tentam explicar a percepção representativa dentro dos mecanismos conhecidos de transmissão de informação, aceitos dentro de uma estrutura científica vigente, tal qual os neurônios-espelho (neurônios ativados tanto quando agimos quanto quando observamos a mesma ação realizada por outra pessoa, desta maneira ‘espelhando’ o comportamento do outro, como se o observador estivesse ele próprio agindo) ou a ressonância límbica (a ideia de que a capacidade de compartilhar estados emocionais profundos surge do sistema límbico do cérebro).
Alguns autores sugerem que “acredita-se que todas as representações são partes do estado psicológico do cliente”e que a constelação é “dessa forma… uma exploração intrapsíquica”na qual o representante está “ressoando com a mente inconsciente do cliente, que é seu trabalho.”1
Ainda assim, outros sugerem que os representantes em uma constelação estão todos subconscientemente interpretando as orientações e posições do grupo e também reagindo a elas: “em outras palavras, captamos as informações através das posições espaciais dos representantes e através da interpretação dessa localização espacial por meio de nosso conhecimento da geometria social.(Michael Reddy, 2012)
Estas explicações ficam todas dentro dos modelos de compartilhamento de informações aceitos (e aceitáveis), aprendizado e desenvolvimento que podem ser acomodados nas disciplinas da neurociência, psicologia, sociologia, biologia e física, sem cruzar a linha do que a estrutura científica vigente permite e, portanto, acredito eu, não cumprindo a tarefa de capturar a verdadeira natureza da percepção representativa.
Tal compreensão desse e de outros fenômenos que observamos nas constelações são frequentemente acompanhados por um desejo de nos afastarmos dos aspectos ‘metafísicos’ ou ‘espirituais’ ou ‘xamânicos’ do método de constelação. Ainda assim, é precisamente nesses aspectos que o poder e a eficácia dessa prática se encontram. Acredito que nós, o Campo constelador, não deveríamos nos afastar disso, pois é o que dá à constelação sua força, mas, de preferência, deveríamos estar sempre na vanguarda da mudança de paradigma na visão do mundo, que é necessária para acomodar o fenômeno que testemunhamos. Esta é uma proposta ousada, mas se quisermos nos aproximar do entendimento dos aspectos essenciais da natureza da prática da constelação, não é necessária a criação de uma nova ciência – mas uma total mudança de paradigma.
Tal mudança já está sendo presenciada e estamos ouvindo algumas proeminentes vozes, mesmo no meio científico, clamando por isso. Uma revolução científica está perto de nós e acredito que o trabalho de Constelação pode ter um papel importante em moldar este novo e emergente paradigma, e nós, consteladores, não devemos temer entrar mais visivelmente nesse vasto mundo, saiamos do armário, sem temer sermos excluídos do cenário principal. Vivemos tempos emocionantes de grandes mudanças, e creio que as Constelações poderiam e deveriam estar na linha de frente dessas mudanças.
A visão científica materialista do mundo ocidental está cada vez mais cedendo à compreensão do Universo que é orgânico, auto organizável, holográfico, fractal e consciente, em constante movimento, guiado por uma força além da estrutura de tempo e espaço e que é, até hoje, um mistério para nós.
Em alguns campos específicos, a ciência está se aproximando dos ensinamentos de muitos sistemas espirituais, como a filosofia Taoísta, o misticismo judeu, a mitologia hindu, e os ensinamentos de Buda e também da sabedoria ancestral de povos indígenas:
“Utilizando-se de seus corpos, mentes e espíritos a fim de juntar informações vitais a respeito do mundo, xamãs chegaram ao entendimento de que a epistemologia (como sabemos o que sabemos) está estreitamente ligada à consciência. Os xamãs compartilham o mundo e ganham conhecimento de maneira raramente compreendida por povos modernos: por meio de conhecimento participativo direto.”2
Apesar de os xamãs de todo o mundo saberem há milênios que os seres humanos são as ferramentas mais importantes disponíveis para se adquirir conhecimento, essas dimensões da vida não são reconhecidas no paradigma materialista atual. Tampouco possuem tais dimensões espirituais, em seu reconhecimento repousa a diferença crucial entre constelações e outras práticas relacionadas, como o psicodrama ou a escultura familiar e até se diferenciando da constelação individual ou nas escolas. O reconhecimento dessa dimensão spiritual é a marca da constelação, tal qual desenvolvida e ensinada por Bert Hellinger, seguida por muitos e também um ponto de partida de sua abordagem por outros:
“Tudo que existe, não se move de acordo com sua própria concordância, mas de acordo com o exterior. Todos os seres vivos, mesmo quando parecem se mover por si só, têm um início que não pode vir de dentro. Portanto, cada movimento de tudo que é vivo resulta de um movimento que veio do exterior… Cada movimento, especialmente cada movimento de um ser vivo, é um movimento calculado, consciente e intencional. Este conceito pressupõe consciência na força que move tudo. Em outras palavras, cada movimento é um movimento pensado. O movimento se inicia pois é pensado por essa força, e entra em movimento da maneira que é pensado.” (Hellinger, 2008)
Os fenômenos que observamos nas Constelações sugerem que a mente e a consciência operam em um nível transcendental de realidade que normalmente não está acessível a nossos sentidos e a nossa consciência; eles continuam operando nos campos de energia mesmo após a morte. As informações que fazem parte de nossas mentes/consciência (como memórias, emoções, pensamentos, ligações etc) não se perdem com a morte física, mas continuam acessíveis através do tempo e espaço e podem ser relativamente canalizadas pelos vivos, mesmo por aqueles que não conheciam ou não tiveram nenhum contato com os donos originais dessas energias armazenadas.
Além disso, através das Constelações também observamos as leis sistêmicas que operam em todos os sistemas humanos, desde o corpo, a família até organizações e nações, que nos ensinam sobre a natureza sistêmica do Universo.
Cada um de nós está inserido em um complexo sistema de redes, holísticas por natureza, criativas e independentes. A natureza holística também assume a não dualidade como expressa visualmente através do símbolo taoísta do yin e yang, no qual a luz presente na escuridão e a escuridão presente na luz indicam que tudo contém um pouco de seu oposto polar. O Tao também faz alusão ao constante movimento do Universo, como o fluxo da água, que está em contínua mudança e assume formas diferentes ou temporárias.
In-formação
Nas Constelações sentimos o fluxo de informações que chega até nós através de uma corrente ininterrupta de experiências de nossos ancestrais e de toda a humanidade como a soma de todo conhecimento existente que in-forma (in-form em inglês, em- forma) quem somos atualmente.
Rupert Sheldrake reconhece o papel que tem a informação nos campos morfogenéticos ao nosso redor, determinando formas, mantendo padrões de ordem e também conectando um ao outro às estruturas relacionadas através do espaço e do tempo.
Se considerarmos a teoria de Sheldrake dos campos morfogenéticos, a ideia da Sincronicidade e do inconsciente coletivo de Carl Jung, o conceito budista do Dharmadhatu, o Tao ou o que em outras tradições é descrito como Deus ou o Grande Espírito, em todos os lugares encontramos a mesma compreensão: há uma força unificadora básica que guia e conecta tudo que se revela no universo:
“A compreensão da humanidade de nosso universo está atualmente se transformando em uma visão global que é, na verdade, o renascimento da ancestral sabedoria filosófica. Em termos muito simples, a emergente compreensão de nosso universo aceita que a consciência ou ‘a mente’ tem papel fundamental em co-criar nossa realidade interconectada e ‘cheia de vida’.”3
Através de teorias dos pensadores dos sistemas principais em particular, como Ervin Laszlo, uma figura do Cosmos aparece como um todo auto-organizado e auto-atualizado, onde cada parte está ligada à outra e todas as partes juntas geram as condições para o surgimento da vida e da consciência. Não somos apenas o produto da atividade de carbono e algumas proteínas vivendo e morrendo no Universo, mecânicos; evoluindo de acordo com algumas leis da física sem sentido:
“A visão de um cosmos lógico, interconectado e ciclicamente auto renovável não é nova. O mais importante em meio a seus antecedentes históricos é a visão que inspirou a imaginação de inúmeras gerações na Índia e por todo o oriente: a visão de um mundo que surgiu de Akasha.”(Laszlo, 2004)
A memória e a informação existem na natureza.; são fenômenos reais. Em um nível quântico vemos que toda partícula que alguma vez ocupou o mesmo estado quântico que outra, permanece conectada a ela, e a troca de informações ocorre entre elas através do tempo e espaço instantaneamente.
Em Constelações, observamos este fenômeno em um nível familiar e de outros sistemas humanos. Toda pessoa que já pertenceu a um sistema por muitas gerações, continua a pertencer e a se comunicar com todos os outros membros do sistema através do tempo e do espaço. As informações armazenadas em um campo daquela família podem ser acessadas por qualquer outro membro daquela família e, de fato, a energia dos destinos sofridos por nossos ancestrais continuam a informar as vidas de nossos descendentes vivos:
“Gerações após gerações de humanos deixaram seus traços holográficos no Campo-A, e as informações nesses hologramas estão disponíveis para a leitura. Os hologramas dos indivíduos estão integrados a um super holograma, que é o holograma abrangente de uma tribo, comunidade ou cultura. Os hologramas coletivos se assimilam e se integram ao super holograma de todas as pessoas. Esta é a fonte de in-formação coletiva da humanidade … Podemos sintonizar nossa consciência para ressoar com o holograma no Campo-A.”(Laszlo, 2004)
O Campo
“Muito além de ideias de certo e errado,
há um campo. Nos encontraremos lá.
Quando a alma se deita naquela grama,
o mundo está cheio demais para que falemos dele.” 4
O campo in-formacional do universo fica mais e mais aparente quando estudamos a natureza de nosso mundo. O que era inicialmente considerado um ‘espaço vazio’ entre planetas e toda a matéria, com o constante crescimento do conhecimento científico, se tornou uma ‘totalidade de energia’ – um rico caldo de informações responsável por moldar (in-formar) nosso mundo. Essa compreensão se torna possível por meio de observações desde níveis quânticos a cósmicos. “o vácuo quântico é o mecanismo de informação holográfica que grava as experiências históricas da matéria.”(Mitchell in Laszlo, 2014)
Sabemos que nas Constelações é possível construir um sistema mesmo sem que algum membro do sistema familiar esteja fisicamente presente, o que aponta para a possibilidade de conexão entre todos no sistema da ‘família humana’ e mesmo além dela. Muitos consteladores sabem dessa possibilidade de se conectar dessa maneira e se comunicar não apenas entre os humanos, mas também outros seres vivos como animais e plantas, bem como outros elementos da natureza e conceitos abstratos. Portanto, temos que assumir um Campo comum pelo qual tal transferência de informação, tal conexão seja possível. O que isso nos diz também, sem sombra de dúvidas, é que a consciência possivelmente não pode se restringir ao cérebro de um ser vivo e que não pode ser a prerrogativa apenas dos humanos:
“A cura remota, energia e a cura por in-formação dependem das informações extra-sensoriais vindas de uma fonte que deve ser justificada em qualquer discurso sério a respeito da natureza da realidade – e esta, provavelmente, deve ser a mesma fonte que gera as interconexões entre a quanta e as conexões transpessoais entre organismos e mentes … dei o nome dessa fonte de Akáshica ou Campo-A.”(Laszlo, 2004)
A ‘coerência não local’ do Campo, que se torna aparente e tangível no processo de uma Constelação, sua habilidade de armazenar e transmitir informações e conectar tudo, não precisa ser atribuída a alguma força misteriosa além do nosso mundo natural, de acordo com Laszlo:
“A coerência não local é um fenômeno científico genuíno, tão real e compreensível quanto a luz, eletromagnetismo, massa e gravidade – no entanto, inicialmente ela demonstrou ser tão intrigante quanto os outros fenômenos foram.” (Laszlo, 2004)
O conhecimento acessado através do Campo de Conhecimento nas Constelações não só fornece informações úteis, em relação às dinâmicas familiares, por exemplo, mas é curativa em sua essência, como se a exposição a esse Campo fornecesse um diagrama pelo qual sistemas se realinham, sempre buscando um equilíbrio maior, mais harmonia e saúde.
De fato, alguns cientistas e médicos, postulam que tal diagrama existe, ‘o padrão específico da espécie’ de acordo com o qual o ‘padrão morfo-dinâmico do indivíduo’ tem de se corresponder ou se sintonizar. Na verdade, a vida só pode ser sustentada no universo porque sistemas vivos ‘se sintonizam’ e ressoam com o padrão básico de in-formação presente no universo:
“A antiga compreensão de que o organismo pode se curar quando em contato com o universo é reafirmada na medicina com base no campo Akáshico. As informações que codificam todas as coisas no universo estão presentes em todo ser humano. Elas são completas e funcionais, guiando os incontáveis processos do organismo, e são capazes de corrigir uma vasta variedade de disfunções. Porém, elas precisam ser acessadas e, para pessoas modernas, primeiramente, identificadas como estando presentes e que podem ser acessadas.” (Sagi, 2018, p. 43)
A Força Orientadora
Há muitas tradições filosóficas e antigos sistemas de conhecimento que apontam para conhecimentos muito similares, da mesma maneira que fazem alguns cientistas nas fronteiras de novos conhecimentos em muitas disciplinas diferentes.
O biologista desenvolvimental Bruce Lipton defende uma nova abordagem para a psicologia:
“A mudança de Newton para a mecânica quântica altera o foco da psicologia dos mecanismos psico-químicos para o papel dos campos de energia. A psicologia energética foca no software de programação de consciência e não no hardware psico-químico que mecanicamente expressa o comportamento.” (Lipton, 2016)
Um amplo, novo e envolvente campo da ciência conhecido como noética admite que a estrutura do universo é criada à semelhança de seu Campo oculto:
“A consciência noética revela que coletivamente somos a encarnação do ‘campo’. Cada um de nós é ‘informação’ se manifestando e experimentando uma realidade física. Integrando e equilibrando a compreensão de uma consciência noética de nossa consciência física irá nos capacitar a nos tornarmos verdadeiros criadores de nossas experiências de vida.” (Lipton, 2016)
O professor Ervin Laszlo afirma corajosamente, mas com um argumento muito mais convincente e elaborado:
“Uma inteligência superior rege o Universo e cria suas leis e a inteligência superior é espiritual por natureza.”(Laszlo, 2017)
Já Einstein escreveu:
“Todos que estão seriamente envolvidos na busca da ciência se convencem de que um espírito se manifesta nas leis do universo – um espírito muito superior do que o do homem, e um espírito ao qual devemos, com nossos poderes modernos, nos submeter.”(Laszlo, 2004)
(No original em alemão, ele utilizou a palavra ‘Geist’, palavra de difícil tradução que pode significar ‘espírito’, ‘mente’ ou ‘inteligência’.)
Bert Hellinger escreveu consideravelmente (e lindamente) sobre o que nos conecta e que fundamentalmente, claro, torna possível a percepção representativa:
“Nos tempos de Platão, a palavra ‘psique’ significava algo que nos conecta a outros, que estabelece o tipo de conexão entre nós, que nos ajuda a perceber os outros e torna possível a compreensão do outro. A psique é a conexão invisível entre mim e o outro. Como poderíamos alcançar o outro sem a existência das ligações invisíveis entre nós que conecta meu espírito ao espírito do outro? Como o contato poderia ser possível sem essa ligação invisível que nos permite estar em contato com o outro e ao mesmo tempo com uma visão de algo maior de que todos nós dependemos?
O que é a alma? Tudo que existe possui alma, e a percebemos por meio de nossa alma, sintonizada com uma alma universal? O que está acontecendo por trás de tudo e de nós mesmos? Em tudo, uma alma infinita está em atividade. Sintonizada com esta alma e junto a ela, somos uma unidade com tudo que existe, e com tudo que existe junto a ela. Como? Com amor.” 5
Algum tempo se passou desde que Hellinger passou a ter consciência dos sistemas humanos pela primeira vez e também da natureza da realidade por meio das Constelações. O método tem mudado, bem como nossa compreensão da vida, do amor e da cura por meio dele. O papel dos representantes nas Constelações também mudou consideravelmente, de Constelações Familiares tradicionais para Constelações Espirituais; foi necessária uma sintonia ainda mais fina com os movimentos do Campo por trás delas.
O que não mudou, àqueles que seguem os ensinamentos de Hellinger, foi o processo de contar com as informações do Campo em busca de orientação, compreensão e cura. Em seus escritos mais recentes, Hellinger se refere à Força, cujos trabalhos observamos através do Campo, como ‘Espírito-Mente’, e se entrega ainda mais a sua autoridade orientadora.
No entanto, nomeamos essa Força (“O Tao que pode ser nomeado não é o Tao eterno”Lao Tsu, 1972), para mim, não há dúvida de que a essência das Constelações está na confiança em sua sempre presente sabedoria. É por meio dela que somos in-formados; é por meio dela que somos guiados, é por meio dela que nos conectamos e é somente em harmonia com ela que seguimos adiante:
“Aristóteles fala sobre a ideia de um primeiro motor, um motor que tudo move porque ele concebe. Portanto, tudo que existe deve sua existência e seus movimentos à concepção de um espírito que em tudo penetra. Daí segue a ideia de que o espírito não somente concebeu tudo, porque se movimenta, mas também continua concebendo a cada movimento. Observando por esse prisma, percebemos tal espírito e esse primeiro motor imediatamente operando em tudo que se move e na maneira que se move.”
“Isso mostra nas experiências que por vezes sentimos que estamos presos a um movimento e somos lavados a sua posse, como se ele viesse de fora além de nossas vontades e desejos pessoais. Acima de tudo, ele aparece quando um novo conhecimento nos é dado nesse movimento, expandindo nossa consciência., bem como a consciência da humanidade. Aqui esse primeiro motor mostra que, finalmente, tudo está em suas mãos.” (Hellinger, 2013, p.37)
A importância do fenômeno da percepção representativa não está apenas em nos ajudar a ‘ler a mente’ dessa Força em nossos esforços de nos alinharmos a ela para uma melhor saúde e bem-estar, mas também como sua manifestação clara expressa por sensações corporais e movimentos de representantes em particular em uma Constelação. A percepção representativa torna o Espírito e seus trabalhos visíveis.
REFERÊNCIAS
Blake, William (1994) The Marriage of Heaven and Hell. Dover Publications (re-published edition of the work which was originally published ca. 1794).
Laszlo, Ervin (2017) The Intelligence of the Cosmos: Why are we here? New Answers from the Frontiers of Science. Inner Traditions, Rochester, Vermont, USA.
Hellinger, Bert (2008) Rising in Love: A Philosophy of Being.Hellinger Publications, Germany.
Hellinger (2013) The Churches and their God.Hellinger Publications, Germany.
Laszlo, Ervin (2004) Science and the Akashic Field: An Integral Theory of Everything. Inner Traditions Rochester, Vermont, USA.
Lazslo, Ervin (2014) The Self-Actualizing Cosmos: The Akasha Revolution in Science and Human Consciousness. Inner Traditions, Rochester, Vermont, USA.
Laszlo, Ervin (2017) The Intelligence of the Cosmos: Why are we here? New Answers from the Frontiers of Science. Inner Traditions, Rochester, Vermont, USA.
Lao Tsu (1972) Tao Te Ching, Random House, USA.
Lipton, Bruce (2016) Embracing the Immaterial Universe. https://upliftconnect.com/embracing-immaterial-universe/
Reddy, Michael (2012) Health, Happiness and Family Constellations: How Ancestors, Family Systems, and Hidden Loyalties Shape Your Life and what YOU Can Do About it. ReddyWorks Press, Kimberton, PA, USA.
Sagi, Maria (2018) Healing with information: The New Homoeopathy. O-Books, Winchester, UK.
Notas:
1. Vivian Broughton: The Intention Method, Blog post, www.vivianbroughton.com
2. Glenn Aparicio Parry: Native Wisdom In A Quantum World, www.shiftinaction.com/node/2705
3. Phillip J. Watt, Wake Up World, https://wakeup-world.com/2015/07/06/3-scientific-fields-that-are-helping-to-evolve-humanitys-worldview/
4. Rumi, Quotes, www.elise.com/q/quotes/rumi.htm
5. Bert Hellinger: Monthly letters, July 2014, www.hellinger.com. (No longer available)
Alemka Dauskardttem mestrado em Psicologia com especialização na Gestalt-terapia, aconselhamento de relacionamentos, terapia intercultural e trabalhos com trauma. Alemka é uma praticante de Constelação em tempo integral em seu próprio consultório.
Desde a primeira vez que teve contato com o Trabalho de Constelação em 1995, todas as áreas de sua vida professional e pessoal foram inspiradas por ele. Tem usado tal abordagem em cenários individuais e também trabalhando com workshops. Realiza treinamentos de Constelação Sistêmica na Croácia e em outras partes do mundo.
No campo do trabalho sistêmico, seu foco tem sido nas constelações de reconciliação e no aprendizado de como eventos de um sistema maior moldam a esfera de relações íntimas. Alemka se interessa em explorar os desafios correntes que a prática e a comunidade consteladora tem de enfrentar. Também é escritora e tradutora de obras sobre constelação. Mais amplamente, está empolgada com a mudança de paradigma que vem acontecendo em tantas áreas relacionadas e vem abrindo novos horizontes.
alemka1@yahoo.com
www.konstelacija.hr