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Vingança amorosa

Ser criativo na vingança amorosa é uma arte que convém desenvolver. […] Na troca positiva, a fórmula é: você me da algo, eu lhe devolvo esse algo e um pouco mais, e, desse modo, o vínculo fica mais e mais forte; na troca negativa, a fórmula é: você me faz mal e eu lhe devolvo o mal, fazendo com que doa, mas um pouco menos. Isso é vingar-se com amor. E é importante fazer isso, pois a felicidade não cresce onde há bons e maus, vítimas e perseguidores, cumpridores e irresponsáveis. Mas cresce, pelo menos um pouco, onde há pessoas que se assumem como imperfeitas e tomam consciência de que cometeram erros e fizeram mal, e podem aceitá-lo com dignidade e repara-lo de uma forma construtiva, ao mesmo tempo assumindo que podem se ferir, e que isso também faz parte da paisagem dos vínculos de intimidade. Continuar pensando em termos de bons e maus prejudica muito as relações humanas e a vida. É preferível pensar que os dois, juntos, criam a realidade que têm e que cada um contribui com uma parte proporcional à do outro.

A ideia de vingança amorosa é simples, mas, claro, a forma como se concretiza pode ser um pouco mais complexa. Cada pessoa pode encontrar a sua a cada momento em função do contexto, mas sempre com o objetivo último de recuperar certo equilíbrio e continuar avançando. Porque o relacionamento, como todo sistema vivo, requer ao mesmo tempo estabilidade e mudança, desequilibrar-se e tornar a se equilibrar, e as duas coisas nas proporções adequadas. O casal navega na barca da vida, que exige segurança por meio de suas inércias, ritos consolidados e um status quo cristalizado, mas também atrevimento, inovação, criatividade e busca de soluções novas para velhos problemas.

Trecho extraído do livro “O amor que nos faz bem: quando um e um somam mais que dois” (Joan Garriga)

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Ainda sobre o poder, homens, mulheres e sobre voltar a confiar…

Seja como for, é conveniente estendermos o olhar, de um modo mais amplo, para o fato de que tanto homens quanto mulheres são afetados por um mal maior, por uma praga emocional de maior alcance que nos mantém doentes em nossa humanidade, que vem da expulsão do paraíso comunitário e tribal de nossos antepassados caçadores-recoletores, para passar à mente patriarcal na qual estamos culturalmente submersos, e que quase confundimos com nossa natureza, na qual o outro já não é um irmão, e sim um inimigo. Vivemos mergulhados em um paradigma competitivo que julgamos natural, infectados como estamos pela grande importância do eu pessoal. No livro La mente patriarcal, Claudio Narrando faz um diagnóstico preciso dos males do mundo: é essa mesma mente patriarcal, com seus longos braços que infectam tudo – a concorrência, a luta, a imposição, a inveja e todas as paixões baixas que governam o eu -, que, em sua pretensa grandeza, esquece a verdade essencial de que todos somos um. Um dos antídotos contra a mente patriarcal consiste na feliz integração da tríade básica e cada um: pai, mãe e filho, ou mente, emoção e instinto, e não no predomínio de uma figura sobre as outras.

Voltando ao tema de homens e mulheres, depois de ter feito a mesma pergunta muitas vezes, com idênticos resultados, cheguei a uma conclusão: se tantas mulheres acreditam intimamente que são melhores que os homens, talvez devamos aceitar que seja verdade, que elas guardam uma grandeza maior por conta de sua íntima conexão com a vida. E também fiz uma descoberta agregada: as mulheres mais inteligentes tomam cuidado para que os homens não notem tanto sua grandeza, para não dizer sua superioridade, ou seja, usam-na a favor do amor e do bem-estar compartilhado. A maioria das mulheres sabe que em algum momento terá de cuidar de alguma fragilidade dos homens, que os homens também quebram, que a aparência de força deles é só isso, aparência. É que emocionalmente o homem parece muitas vezes mais ignorante, dependente e vulnerável que a mulher, mas nem por isso tem menos coração. A genuína grandeza se encontra, para todos por igual, na vivência e integração de todas as nossas instâncias internas: mente racional, sentimentos, instinto, intuição e transcendência ou mente espiritual. Mas para não faltar à verdade, tenho de dizer que em muitos momentos cabe aos homens também apoiar as mulheres, com toda sua empatia e força, por conta das fraquezas e sofrimentos emocionais delas.

Na luta de poder que às vezes ocorre, algumas mulheres brigam pelas mulheres anteriores. Sua luta é, na realidade, aquela que as mulheres que as precederam não puderam travar com seus homens. Em algumas culturas até lhes é negado o estatuto de seres humanos em igualdade de condições. Foram controladas e subjugadas, de modo que, quando olhamos para o passado, quando cada mulher olha para trás, além do tempo de sua vida, certamente encontra muitas outras que sofreram nas mãos dos homens, que se sentiram subjugadas, humilhadas e não respeitadas, que tiveram de se sacrificar e enganar e que não viveram a companhia masculina como um amigo em quem confiar, mas o contrário. E também muitos homens, quando olham para trás, encontram outros homens que não puderam estar em paz nem sentir confiança nas mulheres, que lutaram contra elas, ou as prejudicaram com sua arrogância e autoritarismo, e por isso se sentem afetados, por uma culpa que não lhes pertence. Por isso quando os homens conseguem reconhecer e respeitar a culpa dos homens anteriores, e as mulheres conseguem reconhecer e respeitar a raiva das mulheres anteriores, podem ver uns aos outros de um lugar mais atualizado. E, então, começar a confiar…

Trecho extraído do livro “O amor que nos faz bem. Quando um e um somam mais que dois” (Joan Garriga)

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O verdadeiro poder

O verdadeiro poder está em se afirmar na realidade de si mesmo, não em se sentir superior a outra pessoa ou em dominá-la física ou psicologicamente. Experimentamos o próprio poder quando nos enraizamos e nos reconhecemos em nossa experiência real, em cada momento e lugar; quando estamos em conformidade com nossa realidade, com nossos sentimentos, problemas, alegrias, vivências, pensamentos, contradições, necessidades; com nosso lugar de origem, cultura, família, lutas; com nossos desejos de mudar aquilo de que não gostamos ou aquilo que sentimos como injustiça etc., ou seja, quando estamos em sintonia com nossa realidade tal como ela é a cada instante, e a administramos com respeito por nós mesmos e pelos outros.

Todos precisamos sentir nosso poder. Sentir que podemos, que somos adequados, que nos sustentamos sobre nossos próprios pés e somos válidos. Quando vivemos esse poder no relacionamento, o poder de um convida o poder do outro. E, então, os dois poderes produzem cooperação e respeito. Virginia Satir, no livro Contato com tato, ensina que o verdadeiro poder tem a ver com a congruência e com o que ela chama de “as cinco liberdades”: a liberdade de ver e escutar o que está aqui em vez do que se supõe que deveria estar; a liberdade de sentir o que se sente em vez do que se deveria sentir;  a liberdade de dizer o que se sente e pensa se quiser em vez de fingir; a liberdade de pedir o que se quer em vez de pedir permissão, e a liberdade de arriscar em vez de optar somente por sentir-se seguro. O poder da congruência foge, portanto, de posições de culpa, vitimismo, hiper-racionalidade ou indiferença, que, para Satir, não deixam de ser lugares de sofrimento e falso poder nas relações íntimas.

 

Trecho extraído do livro “O amor que nos faz bem – quando um e um somam mais que dois” Joan Garriga.

 

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Caminho da alma

Como digo, passamos o tempo criando um universo de afeições e fobias, temores e fervores, amores e ódios. Isso é feito mediante três ferramentas principais: a avaliação, a comparação e o juízo. Fabricamos o adorno necessário com toda a gama de emoções e paixões humanas: inveja, zelo, medo, pesar, tristeza, reclamação, exigência, enfado, ressentimento, culpa, vergonha, vitória, esperança, etc. Quem faz isso? Nosso ego, nosso caráter, aquilo que cremos ser.

Como seres individuais, costumamos unificar uma torre de refúgio para observar a vida e o transcorrer das coisas. Dali observamos o mundo e o encobrimos ou o iluminamos com nossas ideias a respeito de como devem ser as coisas para nos assegurarmos de que sejam como devem ser, e então podemos nos alegrar ou sofrer quando não é assim. É humano: que alegria quando as coisas são como desejamos, e que pena quando nos trazem frustração e nos contrariam! É o vaivém da vida. Todavia, esse modo de funcionar é pequeno e restrito, demasiado dependente dos caprichos da vida. É a fonte do sofrimento, nos deixa doentes e nos afasta do assentamento na Grande Inteligência. Em vez de olhar a beleza intrínseca de todas as formas da vida, nos horrorizamos diante de algumas e nos embevecemos frente a outras. O tirano, também chamado ego, vive dentro. O ego não é a maior das prisões, a escravidão mais velada e mais querida, a que menos estamos dispostos a questionar? Pois resulta que, como veremos, ser livre significa sê-lo de nós mesmos.

Assim é difícil escapar desse lugar que diferencia o bem e o ma. É o que nos toca como seres humanos, enquanto não despertamos. A boa notícia é que o mesmo instrumento, que nos afasta do paraíso, ou seja, a consciência que despedaça o mundo com seu bisturi conceitual, pode se desenvolver, amadurecer e chegar a nos avisar de nossa queda. E não só isso, mas também evitar nossa angústia e separação da vida natural. Quando isso acontece, quando recebemos esse aviso, dispara-se a primeira flecha em direção ao nosso despertar.

Tenho a suspeita de que a própria consciência inclui em si mesma a função de desmascarar o conceitual e encara-lo como é: uma ilusão, uma falsidade e um limite. A atenção onde a consciência diferencia e constrói conceitos é o que permite questioná-los e, talvez, colocar um fim. A consciência, percebendo a si mesma, pode potencialmente vislumbrar que seus intentos por criar um mundo próprio por meio de um sem-fim de imagens mentais a impede de encontrar o mundo real. Pois só um eu que alcança sua plena força é capaz de desnudar-se, suportar o tormento de que vão morrendo os personagens com os quais havia se identificado recorrer o verdadeiro caminho espiritual: chegar a ser ninguém. […]

Porque a meta do eu é desvanecer-se, dissolver-se nas águas do doce esquecimento, igual à do corpo. Alguns podem viver e reconhecer enquanto ainda permanecem na vida. Então já não gritam ao universo: “Eu existo!”. Guiados por uma profunda sabedoria que lhes faz felizes, sussurram a si mesmos: “Na realidade eu não existo, porém a vida canta em mim por algum tempo”.

Joan Garriga

(trecho extraído do livro “Viver na Alma: Amar o que é, amar o que somos e amar os que são”)

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O corpo como santuário da alma

Somos seres experienciais e a sutil substância de nossa experiência é produzida em nosso corpo. No corpo vivemos sensações, sentimentos, pensamentos e também a presença do transcendente. Ele é o laboratório pelo qual a Alma se expressa e experimenta, um presente material para nossa singular viagem pessoal a Ítaca. A residência do biológico, o hormonal, o instintivo: nosso santuário.

No corpo nos comprometemos com a grande inteligência que o governa, como refinamento e  conquista de milênios e milênios nos quais nossa espécie preservou e fez a vida evoluir. O corpo é a casa da vida e o legado primordial de nossos pais e ancestrais, que por meio dele nos passam uma vasta e útil informação.

O corpo não questiona a si mesmo. Segue regras de sua própria natureza. Nós, com nossa vontade, tentamos às vezes guiá-lo de acordo com nossas ideias, que nem sempre estão em consonância com suas necessidades. Por acaso o corpo está insatisfeito com si mesmo? É inimigo de suas doenças, quando na realidade ele mesmo as cria, as acolhe e até as leva à própria morte? Por acaso o corpo está contra ele mesmo?

O corpo é feliz quando é apreciado e respeitado, mimado e cuidado, quando é habitado com gratidão, como uma casa a qual damos nosso toque pessoal e a convertemos no reflexo do que somos. Todos temos a experiência de ir à casa de um amigo ou amiga e descobrir contentes que o espaço que habita lhe cai bem ou não. Ou, ao contrário, sentir que é um artifício, que com ela tenta parecer outro que não é.

A natureza tem prioridade sobre a mente individual, que é uma mente mais sábia e vasta na qual podemos descansar. O ponto é sintonizar nossa mente individual, nosso pensamento e vontade com a mente natural, com o que a natureza cria e organiza, tal como é. O primeiro passo para a sintonia é escutar e compreender o corpo. O segundo é deixá-lo viver em conexão com seus desejos mais profundos e com o que para cada um é natural e harmonioso.

Há muitas formas de nos sintonizarmos com nosso corpo. […]

Coloque-se em contato com a parte de seu corpo que sinta dor ou que incomode, a reconheça, a permita, a amplie inclusive, imagine que você se converte nela. Dessa maneira, você descobre que forma tem, que tendência ou impulso, quem parece quando se converte em seu rim dolorido ou na dor de costas ou no desafio de seu rosto. E também o que lhe diss, qual é sua mensagem, com o que tem de contribuir, pedir, rogar, exigir, agradecer, censurar.

Talvez (e essa é uma dinâmica muito comum quando se trata de doença) o membro dolorido ou o incômodo seja uma forma de conexão com alguém que não consegue se integrar. Frequentemente o corpo faz o trabalho que não fazemos, ama quando nós depreciamos. Certos sintomas ou doenças são tentativas de nos colocarmos em consonância com aqueles com quem estamos em dissonância. Frequentemente o corpo vive o outro lado dos assuntos que não nos animamos a viver abertamente: expressamos valor e força, mas o corpo se rompe como um passarinho que treme vulnerável e pede proteção.

Trecho extraído do livro “Viver na Alma” (Joan Garriga)

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“Sofrer é fácil, actuar e desenvolver-se é difícil”

Excerto do artigo* de Joan Garriga (2002). A Propósito de las Constelaciones Familiares en la Gestalt. Capítulo inserido no livro Gestalt de Vanguardia, de Claudio Naranjo. Editorial La LLave.

 

Poderíamos dizer que o principal tabu das pessoas é o tabu da felicidade e ainda que ela se deseje intensamente, pode ser difícil permitir-se ser intencionalmente feliz, quando a pessoa sabe que outras pessoas na família sofreram, foram infelizes ou que lhes tocou um destino particularmente difícil. Como disse Bert Hellinger “sofrer é fácil, actuar e desenvolver-se é difícil”.

Nas famílias actuam vínculos profundos de solidariedade que nos remetem para as limitações dos nossos antepassados, dificultam a sua superação e não nos permitem ir mais além. E ainda que vejamos nas constelações, uma e outra vez, que aqueles que foram infelizes desejam que a sua infelicidade seja respeitada e tomada como um destino próprio, sem que outros nele se envolvam, vemos também, uma e outra vez, como os sucessores ultrapassam esse limite e como, por uma espécie de amor mágico, pretendem libertá-los da sua desgraça ao tornarem-se eles próprios desgraçados, numa espécie de compensação negativa que afirma “se eu me sacrificar, talvez para ti seja melhor”. Desta forma repetem-se destinos e acumulam-se sacrifícios, sendo o resultado final ainda mais infelicidade. Por exemplo, um filho que se apercebe que um dos seus pais adoece ou deseja morrer (talvez por este seguir um antecessor ao qual se sente unido), ultrapassa o limite e diz internamente “eu adoeço no teu lugar” ou “eu morro no teu lugar” ou “sigo-te na desgraça ou na morte, etc.”.

Existe também na alma familiar uma instância profunda que procura restaurar o equilíbrio entre dar e receber e aí vemos também, com frequência, como os sucessores tentam expiar culpas dos antecessores, ao dar lugar àqueles que foram prejudicados e imitar o seu prejuízo. Como exemplo extremo, cito o de um filho cuja mãe morreu no parto. É um exemplo extremo porque a mãe dá o mais essencial – a vida -, e ela mesma perde o mais essencial. E para o filho é difícil tomar a vida a este preço tão alto e, frequentemente, procura enfrentar este tão grande desnível através da compensação negativa, dizendo a si próprio internamente: “a este preço tão elevado não a quero, portanto não a tomo plenamente e limito-me”. Mas o que é que assim a mãe ganha?  De novo actua este amor cego que não consegue ver claramente o desejo da mãe que morreu: de que o filho tome a sua vida plenamente e a desenvolva com felicidade e sucessos. Buda seria um exemplo de compensação positiva, pois faz grandes desenvolvimentos em memória da sua mãe que morreu três dias depois do seu nascimento, como consequência do parto.

 

*Traduzido do castelhano por Eva Jacinto

Desenho de Adolfo Serra

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A triple orientação das constelações familiares

O passado nos conduz através da repetição, mas existe uma força poderosa, ainda maior, que vem do futuro e nos convida para a criatividade. Com sorte criamos formas de vida novas que não repetem necessariamente o destino e o jeito de quem veio antes. Se sucumbíssemos sempre à tendência de repetir não haveria novas formas e a vida se tornaria estática. Se a mãe praticou abortos, nós faríamos abortos. Se o pai viveu com culpa por algo que aconteceu na sua vida, nós viveríamos com culpa. Se o avô fracassou nos seus negócios, então nós também.

Parece que existe em nós uma tendência de nos parecer, de nos igualar, de viver submersos em aquelas atmosferas que são conhecidas porque foram transmitidas em nossas atmosferas familiares,  não de um jeito racional, nem sequer como linguagem da vontade ou da decisão, mas como algo osmótico, sutil, energético, magmático; algo que se respira nas famílias e na alma que as engloba. Mas a boa notícia é que a vida é criativa e orientada para o futuro. E o futuro está ai sempre, como uma força gigantesca, abrindo os seus braços com amor e com o desejo do melhor, nos oferecendo oportunidades para sermos novos, melhores, mais felizes e para que façamos coisas diferentes, para além do já conhecido.

Joan Garriga Bacardí

(Do workshop “A triple orientação das Constelações”. Barcelona, junho 2018)

(tradução livre autorizada M. Natalia M. H. Kopacheski)

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Relacionar-se

Vivemos um momento de abertura e, ao mesmo tempo, de desconcerto, sobre como podem ou devem ser os relacionamentos afetivos; e, nesse sentido, o que abordo – como se verá ao longo do livro -, situa-se em uma perspectiva de liberdade e de respeito, de fazer e deixar fazer. As pessoas não têm de comungar com dogmatismo de nenhum tipo, nem devemos nos sentir culpados por não fazê-lo. Há muita gente que sofre por não se encaixar em um esquema de suposta normalidade.

Há alguns anos escrevi: “Imaginemos um mundo no qual, por exemplo, a velhice, a doença, a timidez, a morte, o sofrimento inevitável, sejam bem vistos e façam parte respeitável do viver na mesma medida que seus contrários, a juventude, a saúde, a expressividade, a vitalidade e o prazer inevitável. Muitas pessoas sofrem ainda a pressão de não se encaixar naquilo que conviemos avaliar como bom; mas quem é capaz de afirmar que uma coisa é melhor que outra, que uma vida, por exemplo, é melhor que outra?”. A vida é felizmente, muito ampla e variada, e cada um tem suas predisposições e suas singularidades. Algumas pessoas são feitas para viver com o mesmo parceiro a vida toda; outras, para ter dez amantes ao mesmo tempo, e outras para ser padres ou freiras. Umas gostam de pessoas do mesmo sexo, e outras pessoas do sexo oposto. Cada um deve respeitar seu original jeito de ser, até mesmo suas próprias neuroses ou tendências condicionadas – embora deva trabalhar para modifica-las -, e não ficar tentando, de todas as maneiras possíveis se encaixar em um modelo ideal de relacionamento afetivo. O importante é a aceitação amorosa de si mesmo e da própria singularidade. E cada um pode encontrar regozijo no respeito a sua própria natureza e ser feliz seguindo-a. […]

Minha experiência me diz que nos relacionamentos afetivos não existem bons e maus, culpados e inocentes, justos e pecadores. O que existem são relacionamentos bons e ruins: relações que nos enriquecem e outras que nos empobrecem. Existem felicidade e infelicidade. Existem o amor que nos faz bem e o amor que não nos faz bem. É que não basta o amor para garantir bem-estar: é necessário um amor que nos faça bem. E reconhecemos este amor porque nele somos exatamente nós mesmos e deixamos que o outro seja exatamente como é, porque ele se orienta ao presente e ao que está por vir, em vez de nos amarrar ao passado; e especialmente porque gera bem-estar e realização.

Trecho extraído do livro: “O amor que nos faz bem – Quando um e um somam mais que dois”, Joan Garriga.

Eu te sigo na morte

A perda prematura de um dos pais também pode conduzir, às vezes, a uma outra dinâmica, denominada como “seguimento para morte”. Nesse caso o anseio da criança por estar perto dos pais é mais forte do que o seu desejo de viver. Dessa forma, por trás de muitas doenças e vícios com risco de vida, ou de uma inexplicável propensão para acidentes, atua muitas vezes, mais ou menos conscientemente, um desejo de morrer. Eventualmente ele já se revela por ocasião da conversa terapêutica, quando o paciente, ao descrever uma doença ou um sintoma com risco de vida, inconscientemente exibe um sorriso.

Às vezes, essa dinâmica de seguimento pode dissolver-se numa constelação, se o paciente encara a pessoa que deseja seguir e aceita a morte dessa pessoa. Pois nesse contato o paciente reconhece que a pessoa falecida não deseja a sua proximidade e o seu amor a esse preço, e que a maior felicidade para o pai ou para a mãe é que a criança permaneça viva e saudável.

Além desses casos de seguimento de filhos em relação aos pais, encontramos essa dinâmica também entre parceiros, ou em pais em relação a filhos prematuramente falecidos. (Contudo, nesses casos, minha experiência é que o parceiro, ou criança que o  paciente quer seguir, frequentemente representa um de seus pais).

Trecho extraído do livro: “Constelações familiares e o caminho da cura” (Stephan Hausner)

Movimento essencial

Trecho extraído da conversa entre Thomas Hübl e Stephan Hausner, na íntegra em www.stephan-hausner.de

Tradução livre autorizada M. Natalia M. H. Kopacheski

Thomas Hübl é um mestre espiritual contemporâneo, dedicado à cura. Seus ensinamentos sobre os princípios místicos” e seu trabalho me ajudaram entender o que estou fazendo no meu próprio trabalho, aplicando constelações familiares no âmbito da medicina complementar e também me permitiram compreender o processo de cura em um nível mais profundo.

A seguinte conversa aconteceu na primavera de 2015. Annetta Apol a transcreveu, para que eu pudesse converter o texto depois para uma leitura mais fácil e Nicola Dunn ajudou com a edição final. Gostaria de agradecer a elas pelas suas contribuições e especialmente a Barbara por oferecer a oportunidade de compartilhar nosso diálogo com a comunidade de constelações.

Stephan Hausner

 

Trecho extraído da conversação entre Thomas Hübl e Stephan Hausner

 

Thomas:Tem algum outro principio importante que você consideraria um dos pilares do trabalho com constelações?

Stephan: Sim, algo que descobri no meu trabalho é que se alguém ainda não tomou a vida, você não precisa refletir ou trabalhar com os seus emaranhamentos. Tenho encontrado muitos médicos nos meus workshops de constelação ao redor do mundo. Uma e outra vez falei para eles o mesmo. Por enquanto o seu paciente não tenha, nas suas palavras Thomas, se rendido para a vida, você não tem que lidar/trabalhar com os seus sintomas.  Sei pelo teu trabalho que render-se para a vida é um princípio essencial. Venho trabalhando com constelações familiares por mais de vinte anos e tenho muitos clientes que têm participado de muitas constelações para questões de saúde e dinâmicas familiares e emaranhamentos, mas um dos movimentos sanadores mais profundos, o de se reconciliar com os pais, através de quem a pessoa recebeu a vida, muitas vezes é deixado de lado. Este é um aspecto no qual estou me focando muito, facilitar que o cliente se reconcilie com os seus pais para que ele possa tomar a vida através deles. Apoiar clientes neste movimento é para mim um dos princípios essenciais do meu trabalho de cura e tenho visto muitos sintomas desaparecerem quando os clientes dizem Sim” à vida em um nível mais profundo.

 

Conversa na íntegra em inglês:

 

Conversation between  and Thomas Hübl

 

Thomas Hübl is a contemporary spiritual teacher, dedicated to healing. His teachings about ‘the mystical principles’and his work helped me a lot to understand what I am doing in my own work, applying systemic constellations in the field of complementary medicine and also allowed me to understand the process of healing on a deeper level.

The following conversation took place in Spring 2015. Annetta Apol has transcribed it, so I was able to convert it intoa more readable form and Nicola Dunn helped with the final editing. I would like to thank them for their contributions and I would especially like to thank Barbara for providing us with the opportunity to share our dialogue with the constellations community. 

Thomas:  In mysticism we say that there are natural principles that we find in both the universe and in life and that how we create our own lives also depends upon these transpersonal principles.

What I know from conversations with you and others is that there are similar principles in family constellations. What do you consider are the most important principles that family constellations work is based upon?

Stephan: This is a question with many layers and I can only answer it from my background in holistic medicine. I am sure that there are many different points of view and if you were to ask other colleagues you would get a range of different answers.

At my first workshop with Bert Hellinger, I understood that symptoms or illnesses cannot be reduced purely to a personal phenomenon. If we work with clients, who suffer from health issues, very often we only find a solution when we look at their symptoms or illnesses within a greater context e.g. the family or even beyond. When we set up constellations within the fields of psychosomatic or complementary medicine, we often add a representative for the symptoms or illness to the client’s family constellation. What we then often notice is that this representative is somehow needed to provide a kind of balancing effect on the family system. We see how symptoms and illnesses are related, not just to the patient who is carrying them, but also to other family members, or to transgenerational aspects and traumasthat have occurred in this family. The constellation shows the interconnectedness between symptoms and illnesses, and reveals that it is not only individuals that have a longing for wholeness and integrity, but also that family systems have a memory and are looking for balance and wholeness by including and withholding issues from the past that are unresolved.

By including illness and symptoms in systemic constellation work we have seen that the representatives of illness are often connected to previously excluded issues i.e. excluded in the sense that they are unresolved. This happens because at the moment that they occurred there were not enough resources to deal with them. It seems that there is an underlying principle, which determines that what is unresolved does not disappear and instead remains alive throughout the generations. Whether we want to or not we need to learn how to deal with these issues, because even if we are not conscious of them, the more we try to hold them at a distance the more they find a way to express themselves in our daily life, either through symptoms and illnesses or through recurrent patterns that we cannot resist.

The benefit of a constellation is that through the representatives’ unexplainable connectedness, these unconscious issues become visible and the client has the possibility to relate to them once again. Through this process of becoming aware of these unresolved issues and their effects,there is achance to integrate them, which in turn leads to a new balance within the system. With this broader consciousness, there may be less suffering and more freedom and flexibility for growth, potential and evolution.

One principle in constellations is to bring these so far excluded aspects to the surface and by opening ourselves up for a constellation workshop, we usually experience an expansion. Our view on our life and living situation widens and in addition we cannot help but acknowledgethat we are connected to many more things than we might ever have thought before. From my point of view this leads us to another principle of constellation work,because the next step is to relate to these unresolved aspects and integrate them i.e. to consciously identify with them in order not to be unconsciously entangled with them. This movement of integration of thepast is an active reaching-out movement, acknowledging that parents and family history, especially the unresolved and unintegrated aspects, are alive within us and searchingforexpression. Mostly we tend to avoid these identities but experience shows that instead of fearing and fighting them, through giving them a place in our heart and even in our whole body,these aspects can evolve. As a result we experience more freedom and peace and also have the opportunity to transform.

Thomas: That is a beautiful description of the way mysticism also looks at this process. From the mystical perspective we would say that energy that cannot be processed or consciously experienced leaves a residue. As a result this residue of energy, will continually try to be integrated and therefore will create recurring patterns in order to surface and be released. When we become aware of it,we re-identify with these subconscious or unconscious aspects and the energy has an opportunity to be experienced so that it is then free to continue its development. I think this is one of the basic elements of looking at the creation and how reality is created and you described the process very beautifully.

Is there another important principle that you would consider one of the pillars of constellation work?

Stephan: Yes something I discovered in my work is that if someone hasn’t yet taken in life, you do not need to reflect on or work with their entanglements. I have met a lot of doctors in my family constellation workshops around the world. Again and again.I told them the same thing.  As long as your patients have not, as you say Thomas, surrendered to life,you do not have to deal with their symptoms. I know from your work that surrendering to life is a core principle. I have worked now with family constellations for over 20 years and I have many clients who have done a lot of constellation work on both health issues and family dynamics and entanglements, but one of the deepest healing movements, that of reconciling with the parents, through whom they received life, has often been left out. This is one aspect that I am focusing on a lot i.e. enabling a client to reconcile with their parents so that they are able to take life in through them. Supporting clients in this movement, is for me one of the essential principles in my healing work and I have seen a lot of symptoms withdraw when clients have been able to say, ‘Yes’to life on a deeper level.

Thomas: That is beautiful and in my explorations I would say that the personalperspective of one’s life, which is commonplace but important, is not sufficient toadequately describe the larger dynamics. However, if instead I see my life as part of a huge stream of evolution, whereby I am coming from somewhere and going to somewhere, and that the water is ever flowing in this evolutionary riverbed,then it makes sense that when someone adds a green essence about 100 metres further up the riverbed from where I am standing, the water that passes by will also be green. Using this same metaphor,if there is an unresolved trauma from twoor threegenerations previously, I will see it in the stream that flows through me. This principle also applies to our relationship with our parents, because if I cannot host my parents’life within myself, there will be a breaking-point which in turn will create waves in the water flowing through me. Your words were a beautiful way to describe this interconnectedness. It is not enough to just look at my own separate life. I think we are moving into a time where we will see that relatedness and communication are fundamental aspects of human life both within ourselves and in the outside world. We will see that communication is actually a flow of intelligence. As I understand it, family constellations are a way in which these streams can be revealed and Bert Hellinger found a way to make the invisible visible. With this method,it is as if you can take a series of photos of the water, including its colour. This supports the client to really relate, tune in, feel and experience within themselves what has been fragmented. So this method is a very beautiful approach.

Now in your experience how sustainable are these changes and how much do you believe that both presencing and internalising the constellation process need to be an on-going process so that the results can stabilise?

Stephan: This is a question I have beendealing with since the beginning and sustainability starts with the first step. For me a good result of a constellation process is when the client is able to make one step forward. So the work starts with clarifying what would be a good solution or result for the client not just personally,but alsofrom a broader perspective.

 

In this phase of the interview we try to find out what elements we need to set up as representatives in order to understand the client’s question. Then when we set them up, we mostly see that some elements are missing and it becomes clear what patterns are currently running. In most cases one can see that the system needs to be enhanced so that a new movement can take place.

In line with this, I like the image of the open Zen circle, which means that when there are patterns running in a system, the system is actually too small or even closed and that to overcome these patterns, the closed circle needs to be openedupso that intelligence from ‘outside’can come in and the patterns can be dissolved.

 

The necessity of opening can be shown through the constellation, but it actually needs to take place within the body of the client. My experience is, the more it is a physical experience for the client i.e. an experience that is anchored in the body, the more it may lead to a sustainable change. So for me the important thing in constellation work is not the constellation itself but what is happening inside the client while they watch the constellation i.e. how the client is dealing with what they are experiencing. By following the deeper movements and the rhythms in the client’s body I can get a sense of what aspects of the constellation are causing stress. I also get to know what aspects the client has difficulties being in tune with i.e. are too difficult to integrate. For me the process of integration is more important than the process of the constellation itself. I think that a lot of colleagues who are working with constellations still focus too much on the constellation and too little on the client and this process of integration. Once you know how to do constellations, it’s pretty easy to create a solution in the constellation.However, if during this process the client becomes overwhelmed or shuts down or even disconnects, in my opinion you cannot create something sustainable. You may experience a nice constellation, but not one with much effect because the client  hasn’t been able to relate to what they saw. This is one aspect that I think is important.

 

In relation to the metaphor you shared with us before Thomas, my image is that the life of a client runs like a film and when you set up a constellation you sort of stop this film for a moment and you have the opportunity in the present to re-order or restructure the image, so that the film can change direction. However, for this to happen the client needs to be both, open to this ‘surgery’ and able to surrender to the situation i.e. to be supported to be present with what is. As a therapist, if I want to help or support in that way, I need to know when a client is disconnecting from what is happening,because in suchamoment I need to stop the constellation and the representatives and give the client the time and the space for the process of integration i.e. give the client the time and conditions to be able to relate to what they see in the constellation and to help them so that the process of the constellation can also happen inside their body and be contained. In that way I see the constellation also as an externalisation of an inner process or in the words of Heraklit: ‘Inside is outside and outside is inside’. Only when this happens, do I see a sustainable change through systemic constellation work; so you could say, sustainable systemic constellation work is systemic bodywork or systemic medicine.

In order to achieve that, there is one thing that I do, that is contrary to the traditional way of working with constellations. In the traditional way, once you have found a solution, you have usually found a good place for the client in the constellation. Following this the client is exchanged with his representative i.e. the constellations facilitator brings the client into the constellation to stand in their place and connects them with the other family members from this position. Sometimes I do this, but usually I leave the client in the participants’ circle next to me so that they can watch the constellation from the outside and I leave the client’s representative in the constellation for the entire process. Then I work directly with the client at my side with what they are experiencing in the constellation. Usually, when the client is able to be present with what is and when they are able to integrate some of the significant aspects or to relate in a new way to their family members from this meta-position, their awareness expands and usually all group participants experience change. They can feel and even see how a change in the attitude of the client towards his family members leads to a change in the constellation.

In this way the client gets immediate feedback about how their inner change leads to a change for them personally and in the whole system. The participants understand, that because they are part of the system they also have an influence on the system. If they change, all the others need to change too, and the whole system can be ‘reset’. Very often this process also leads to an extended perception and awareness of the client within their family system, and the new felt relationships to family members allow a new order to unfold in the constellation. This happens because the creative forces, that are revitalised in the system create a connecting movement and what has been separated in the past can now come together in the present. Similarly, when unresolved aspects from the past are still alive in the present, the past stays active in the present and hinders evolution.

Thomas: This is a beautiful description of the process of integration and I think I would underline much of what you have said. I especially like the precision of stopping when the client dissociates from the process that they are experiencing. The reason why the symptom exists in the first place is dissociation, so this is a crucial moment. If you catch this point at the right time and you stop, you bring into view the origin of the symptom, which is an important condition for evolution. This is where a new electrical circuit can be established i.e. an expansion of conscious awareness in this area by releasing the unconscious material, making it conscious and allowing it to continue its movement.

You also said something else that I liked a lot: that the change in the client actually has both a retrospective and prospective effect on the system i.e. that the effect goes back into the past as well as into the future. If you release the karma or what is stuck in the past, you actually change your future. So if we become aware of something now, that will change the river’s flow;that is another beautiful parallel.

It also seems that it is key that the person holding your role i.e. the constellation facilitator has both a refined and a high-level of awareness in order to notice these subtile dissociations. Therefore my question is, in general, to what degree do you see these competencies of both presence and energetic awareness demonstrated by constellation facilitators? Is this something that they are trained in?

Stephan: Well, in all honesty, I personally miss these aspects in a lot of the training courses that I know of. I have always tried to include these elements in the training workshops I have given, but it has always been challenging because for me over the years of working with energetic medicine it has become a pretty natural process. I am constantly looking for useful tools and ways to train students’ perception within a constellation training and this was one reason I participated in your so-called Timeless Wisdom Training.

My learning about body awareness began in the field of medical radiaesthesis i.e. developing the ability to sense disturbances or disharmonies in the body of my patients and the corresponding remedies needed. I intensified this learning process by attending workshops in kinesiology and cranio-sacral therapy. So, I started learning about family constellation work from this background. In the beginning I felt very shy about starting to work with constellations, because I hadn’t completed a psychotherapy training and it took me many years to understand that my way of looking at the client and in consequence working with constellations whether it is with individuals, couples or organisations was a special gift, because I naturally included body awareness which is basic in focusing on physical illness.

Today I would say that in my work usually it is the body of the client that either leads the constellation or that guides the way so that constellation work is actually subtle bodywork. In relation to that belief I really like the metaphor you use of a conductor of an orchestra, who knows exactly which musician is out of tune and needs some support or correction. From my point of view, the important tasks of the constellation facilitator are, firstly to sense what is the relevant information coming up in the constellation i.e. useful for a movement towards a solution and in that way essential for a movement towards healing and secondly the facilitator needs to know whether the client can allowthemselves to surrender or follow this movement.

A lot of solutions that are revealed in the constellation are impossible for the client to follow,because they touch upon a personal, transpersonal or even collective trauma. Once again the body of the client is the indicator. Like your conductor of the orchestra, who knows which violin needs to be adjusted, the constellation facilitator needs to sense if and indeed how the body of the client is responding. The relevant movement is not the solution in the constellation,but instead the response in the client’s body to the movement of resolution. Here I like the term used by Raja Selvam, a well-known trauma therapist in the tradition of Somatic Experience, when he talks about ‘upper belly therapy’i.e. that a lot of therapy only affects the body from the belly upwards, which from his perpective is pretty ineffective. In your words, Thomas, you might say, that the client is not able to be fully present with the experience he is going through and is pulling his energy into the upper parts of the body, which is already a separation from the experience and the first step towards dissociation. So, from my perspective a constellation experience is most effective, when the client is able to allow the constellation to take place within his body and the facilitator needs to develop a capacity to sense and facilitate that process.

From my background in medical radiaesthesia I sometimes sense that the ill or insufficiently included parts of the client’s body relate to special aspects in the constellation and the rest of the body is relating with other,often less conflictualaspects of the constellation. Therefore the split that is in the family system often takes place also within the body of the client. It is neither the task nor the responsibility of the client to resolve the split in the family but they need to find a way to be with the split without having a corresponding division in their own body.

At this point constellation work becomes primarily bodywork or even trauma therapy and the focus needs to shift from the constellation to the client. In order to make this point very clear, I point out to my students and also to my clients that for me the constellation within constellation work is not the most important aspect. For me what is most important is what happens in the client’s body whilst watching the constellation and relating to the information arising in the constellation.

Once you get to the point where the movement within the client is more important than the movement in the constellation, body awareness comes into play but not only awareness of the client’s body,but also the awareness ofyour ownbody,because to sense and to facilitate these processes of integration or non-integration you need to know your own body at a highly precise level, because basically this is the only reference instrument that you have. As systemic therapy suggests, you need to get an awareness of ‘the difference that creates the difference’and for this you need to do a lot of personal work on yourself, as your own body is the only mirror you have to look at and the more un-clarified aspects there are in your body,the less clear your mirror will be.

What I like very much Thomas is the tool that you apply in your work with your students, i.e. ‘Transparent Communication’. Through these exercises,you are helping them to clarify what it is they are mirroring in the client at the same time teaching them body-awareness. The way you teach your students to listen is pure training in body-awareness, both of their own body and at the same time of the body of the person they are with. To teach someone to develop a permanent awareness of connectedness at the same time as sharing,involves sensing into your own body sensations in connection with your sharing partners. It also includes being aware from which place within themselves they are speaking i.e. what rises within your own body when you listen. Is there coherence or incoherence between the information that is given and the body? Is the whole body speaking or is part of the body excluded when certain themes are mentioned? Helping students become aware of all these aspects during conversation helps to teach them a kind of subtle perception, which is essential for all therapeutic work with people.

At the moment I am exploring what are good and powerful ways to integrate Transparent Communication into Family Constellation Trainings. I have found it very helpful for trainees to move beyond observing constellations and instead to really digest the constellation processes they watch and bring their personal experience of the constellation process into contact with other trainees, but not in a sense of talking about the constellation, but more about themselves and their own experience. In that way the constellation of one student creates a field of deep learning and self-experience which always goes together and cannot be separated. So the way you and your assistants train your students with that approach helps them to develop competence in being able to sense the difference between coherence and incoherence on a very subtle level,which is crucial to understand, to guide and to facilitate movements towards healing. This perception and awareness is key in all therapeutic work and by integrating transparent communication more into the trainings of constellation work,I hope to reveal more of the essence of constellation work in general.

Thomas: I think that is very beautiful,because it seems that it ultimately boils down to the fact that as a therapist or a facilitator the clarity of your own sphere of consciousness is the limiting factor of any kind of interaction. As Hellinger put it, it is not so much about intellectual understanding, which is of course important in its sphere, but it is far more important that we have clarity within these multiple layers.

You said that one core principle for everybody who works with clients is the work that we do on ourselves, which is the keyfor increasing our awareness.

As I said at the beginning of this session following our recent talks together,I had the feeling that there would be a lot of common ground between us. Today has just underlined what I already said. It has strengthened my intuition that there are many parallels between the two approaches and I think that this exchange has been very fruitful and I would be happy if we could continue our conversation another time.

Stephan: For me it has been a real pleasure, thank you Thomas.

Thomas Hüblis a modern mystic, a spiritual teacher whose work integrates the essence of the great traditions of wisdom with scientific knowledge and his own personal experience.

With uncompromising clarity, Thomas shows how to shift from the culture of the personal towards the birth of new ‘we-cultures‘. He has the special gift of truly understanding people and being able to apply the timeless knowledge that has been revealed to him when engaging with them, enabling people to gain a deeper dimension of self-awareness and responsibility. This radical transcendence of the ego-centric world view opens the door to a depth of authentic expression, to service to the world, and to a focus on the absolute.

Thomas Hübl has devoted his life to the task of exploring awareness and supporting others in their quest for greater awareness. His work has world-wide resonance and has deeply transformed the lives of thousands of people.