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Vingança amorosa

Ser criativo na vingança amorosa é uma arte que convém desenvolver. […] Na troca positiva, a fórmula é: você me da algo, eu lhe devolvo esse algo e um pouco mais, e, desse modo, o vínculo fica mais e mais forte; na troca negativa, a fórmula é: você me faz mal e eu lhe devolvo o mal, fazendo com que doa, mas um pouco menos. Isso é vingar-se com amor. E é importante fazer isso, pois a felicidade não cresce onde há bons e maus, vítimas e perseguidores, cumpridores e irresponsáveis. Mas cresce, pelo menos um pouco, onde há pessoas que se assumem como imperfeitas e tomam consciência de que cometeram erros e fizeram mal, e podem aceitá-lo com dignidade e repara-lo de uma forma construtiva, ao mesmo tempo assumindo que podem se ferir, e que isso também faz parte da paisagem dos vínculos de intimidade. Continuar pensando em termos de bons e maus prejudica muito as relações humanas e a vida. É preferível pensar que os dois, juntos, criam a realidade que têm e que cada um contribui com uma parte proporcional à do outro.

A ideia de vingança amorosa é simples, mas, claro, a forma como se concretiza pode ser um pouco mais complexa. Cada pessoa pode encontrar a sua a cada momento em função do contexto, mas sempre com o objetivo último de recuperar certo equilíbrio e continuar avançando. Porque o relacionamento, como todo sistema vivo, requer ao mesmo tempo estabilidade e mudança, desequilibrar-se e tornar a se equilibrar, e as duas coisas nas proporções adequadas. O casal navega na barca da vida, que exige segurança por meio de suas inércias, ritos consolidados e um status quo cristalizado, mas também atrevimento, inovação, criatividade e busca de soluções novas para velhos problemas.

Trecho extraído do livro “O amor que nos faz bem: quando um e um somam mais que dois” (Joan Garriga)

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