Sobre terminar bem os relacionamentos

Como eu dizia, o principal indicador de que uma relação anterior está bem terminada é que somos capazes de estar felizes em uma relação posterior. E, em sentido contrário, o principal sintoma de que uma relação não está bem terminada é que ainda não conseguimos encontrar outra direção nem nos envolvermos em outra história com força e com sentido, ou seja, boa parte da energia ainda está em assuntos do passado.  […]

Por outro lado, terminar bem significa fechar com amor, com amor pelo que vivemos e com amor pela pessoa, mas em outra posição. Porque sobre o amor do que vivemos antes podemos construir um edifício forte. Certas pessoas pretendem fechar o passado com muito ressentimento, com muita amargura, com muito azedume. E então tentam construir um edifício sobre cinzas e ruínas, e ele sempre será fraco.

Uma segunda (ou terceira, ou quarta) relação deve ser construída sobre o amor da anterior, sobre o que houve de bom da anterior, deve-se dignifica-la, por assim dizer. Certas pessoas buscam uma segunda relação e dizem: “A anterior foi um desastre, esta será boa”, ou desqualificam a pessoa anterior e pensam que a seguinte será melhor, com o príncipe ou a princesa encantada esperada. E então algo não funciona, ou funciona forçadamente apenas por um tempo, visto que a oposição a algo no início nos da uma força especial, mas depois enfraquece o relacionamento e é muito provável que também não prospere. Sobre a rejeição não se constrói bem, porque o que rejeitamos está sempre atrás de nós perseguindo-nos, tomando nossa energia. Edificamos melhor quando temos bons alicerces e quando podemos reconhecer o amor que houve no anterior, e seus limites, e quando nos rendemos a esses limites.

[…]

Muitos homens e mulheres se apoiam nas feridas que relacionamentos anteriores lhes causaram para dizer não a um novo amor. Mas a cada manhã podemos nos levantar e dizer: “Sim, eu caminho para a vida, caminho para minha felicidade”, ou “Ponho bálsamo em minhas feridas em vez lhes conceder o lugar do tirano”, ou também: “Como já fui ferido antes e consegui superar isso, não preciso de novas armaduras, posso abrir mais facilmente meu coração”. Só devemos nos recusar a tirar partido de nosso próprio sofrimento. Caminhar para a vida é uma decisão que requer força para deixar a dor para trás; requer renunciar aos benefícios que obtemos com nossas feridas.

[…]

O novo se constrói sobre o velho quando o velho não são ruínas e cadáveres, e sim, bons alicerces de amor, respeito e gratidão. Portanto, uma relação termina de forma saudável quando, com o tempo necessário, dentro de nós torna a fluir o amor e do lado de fora ficam claros os nossos limites.

Trecho extraído do livro “O amor que nos faz bem: Quando um e um somam mais que dois” (Joan Garriga)

2 respostas
  1. Maria
    Maria says:

    Sai de um relacionamento de 34 anos, ele saiu e se foi, e eu percebi naquele momento que segurei as paredes de minha casa com tanta força por 34 anos e as vi derepente ruirem caírem e olhei atonita e pasma em completa impotência ……então ergui meus olhos e o sol brilhava lá fora e uma vida latente me esperando e foi assim que me apaixonei e entrei num profundo relacionamento comigo ah!ah! Estou amando tudo isso!!!!!

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    • Natalia Kopacheski
      Natalia Kopacheski says:

      Obrigada pelo comentário!
      Olhar para o passado e fazer as passes com o que foi possível e olhar para o futuro e descobrir as mil possibilidades que nos aguardam.

      Responder

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