Abrir-se ao desconhecido

“O principal problema na hora de receber ajuda consiste em nos empenharmos para que ela venha do modo que temos previsto (e unicamente desse modo). Isto é, esperamos que corresponda à nossa visão de como teríamos de ver as coisas e, se possível, que confirme nosso ponto de vista e nossa posição no mundo. Portanto, o que se opõe à ajuda é nossa obstinação em confirmar nossas hipóteses, que configuram um cenário no qual dizemos: “Não darei meu braço a torcer, quero da minha maneira”. É comum, por exemplo, que alguém bata à porta e reclame uma e outra vez, até o esgotamento, que a porta se abra, inclusive que grite com bastante força. Quando ao final a porta se abre, é possível que o indivíduo fique levemente perturbado e que de sua boca saia uma frase susurrante: ‘Eu gostava de bater à porta, não de entrar onde ela me leva’.

Assim receber ajuda tem muito a ver com nossa capacidade de nos abrirmos ao desconhecido, já que, desde nossa forma de abordar o assunto, nos acostumamos a manter o problema. Depende em grande parte de nossa capacidade de aceitar que a ajuda está em todas as partes, em qualquer canto do caminho. Tudo é benção. A vida e a natureza das coisas cantam suas bênçãos, e basta abrir-se a elas.”

(Trecho extraído do livre “Viver na alma, amar o que é, amar o que somos, amar os que são”, Joan Garriga, 2011)

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Aceitação

“Para bem ou para mal, não governamos os afetos com nossa mera vontade; a linguagem do coração escreve em outro ritmo, sutil, decisivo e apaixonado, dificilmente quadriculado. Desse modo, muitos que não aceitam suas moedas e permanecem na queixa ou no ressentimento  se comportam, quando mais velhos, como seus pais ou reproduzem comportamentos daninhos iguais aos recebidos.

O que de fato ajuda é realizar o processo de aceitar também o que foi difícil, e com isso talvez nos tornarmos mais fortes ou  mais sábios. Ou seja, também o que parece negativo está a serviço da vida, e podemos aproveitá-lo a nosso favor. O sofrimento também é capaz de nos fazer mais plenamente humanos. Algumas pessoas que sofreram graves perdas ou traumas com seus pais, por exemplo, se superam e constroem uma vida com alegria e muito sentido. Em contrapartida, há pessoas que, amparando-se em pequenas frustrações com seus pais, se acham no direito de ter uma vida escassa ou penitencial e culpam os pais para justificar seus erros ou fracassos.

Devemos saber que nada nos impede de nos desenvolvermos bem, e que do passado conservamos apenas as cinzas em forma de imagens guardadas na mente. Que podemos transforma-las e ficar em paz com o que passou, ao menos com o que recordamos dele. E assim nos abrirmos ao presente, o lugar e o tempo do verdadeiro fogo de viver.

Em geral, as pessoas que realizam o processo interior de aceitar suas moedas e ficar em paz com seus pais e com sua história se sentem melhor consigo mesmas, estabelecem relações adultas e espontâneas mais facilmente e retribuem à vida com o que possuem.”

(Trecho extraído do livro: Onde estão as moedas? Joan Garriga, 2011)

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As roupas

“No século XV, viveu o monge mais famoso de todo o Japão, Ikkyu, filho ilegítimo do imperador. Quando o príncipe da província em que vivia decidiu dar uma grande festa, convidou Ikkyu, reservando-lhe um honroso lugar ao seu lado. No dia da festa, o monge apareceu humildemente vestido, quase como um mendigo, fazendo o príncipe se zangar e expulsá-lo da festa. Depois disso Ikkyu voltou vestindo ótimas roupas e, no palácio, foi tirando uma a uma e as deixando na cadeira. ‘O que está fazendo?’, perguntou o príncipe. ‘Havia entendido mal, pensei que tivesse me convidado e não convidado minhas roupas, assim estou as deixando aqui’, respondeu Ikkyu.

Se olhamos as roupas que simbolizam apenas formas, aparências, avatares, livretos que nos inspiram representar, destinos e caprichos, tanto como se olhamos além delas, para o mistério criativo, a pergunta relevante é: quem são os convidados à grande assembleia de nosso coração? Nesse sentido, estamos ainda a tempo de incluir aqueles que excluem nossas boas razões, que nossos sedutores argumentos afastam? Podemos convidar à mesa dos dignos aqueles que julgamos em nossa Alma Gregária, regida por su moral e leis? Aqueles que são ou foram esquecidos porque sua lembrança era vergonhosa ou árdua? Aqueles que acreditamos que se comportaram mal ou nos causaram dor? Nossa mente pequena, que costumamos identificar como nossa vontade, tenta negociar o mal-estar com o tentador recurso do afastamento e da solidão, separando o incômodo. Mas a Grande Alma conhece unicamente a matemática copulativa, que une e iguala.

Na Grande Alma todos os que são merecem ser queridos como são e como foram, exatamente assim. Em primeiro lugar nossos pais. Eles são os primeiros dos que são, quaisquer que sejam suas roupas e acessórios. A Grande Alma é o espaço do coração a coração, da estrita perfeição das coisas. Nela, somos Únicos.”

(Trecho extraído do livro “Viver na Alma, amar o que é, amar o que somos e amar os que são”, Joan Garriga, 2011)

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O caminho da dor

“Vemos que quem consegue integrar o difícil, atravessar seus lutos, enriquece a vida. Ao contrário, quem fica preso em seus gemidos olha tanto para si mesmo que seus olhos já não podem contemplar os demais nem a realidade circundante. A vida fere a todos de alguma forma, nos sacode sem contemplações em algum momento. Porém a pergunta-chave é: que atitude vamos tomar? Onde faremos desembocar o terrível luto que nos encheu de fúria e angústia?

Outro assunto suplementar, embora não menos importante, tem a ver com o fato de que a desgraça tem, para muitas pessoas, aberto a porta de uma vida mais plena. ‘A desgraça abre na alma uma luz que a prosperidade não vê’, reza uma sábia frase que muitos têm experimentado como certa. Perder em um nível pode significar ganhar em outra dimensão. Quando a vida golpeia as pessoas com coisas terríveis, às vezes se abre uma janela para uma realidade transpessoal, a compreensão de que somos guiados por uma vontade maior, uma confiança renovada.

Por meio do não desejado a sabedoria oculta se manifesta. Por exemplo, a pessoa que cai deprimida pode descobrir em seu processo que tem de mudar de trabalho, de vida ou até mesmo que sua vocação é outra. Ou o indivíduo que sofre uma enfermidade pode compreender que precisa estar mais presente na vida dos filhos, ou que tem de se separar. Além disso, quando as pessoas experimentam grande dor já não precisam tanto da armadura do eu para se defender. Para que, se já foram feridas?  Podem se livrar da armadura e serem pessoas mais abertas, confiantes e confiáveis para os demais. De modo que nas feridas assumidas reside a possibilidade de soltarmos as armaduras que se mostraram inúteis e voltarmos abertos novamente, como meninos vibrantes com a vida.

Quando o pequeno eu não consegue governar sua pequena nave e se rende, recebe o presente de uma graça desconhecida.”

(Trecho extraído do livro “Viver na Alma, amar o que é, amar o que somos e amar os que são”, Joan Garriga, 2011)

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A postura de quem ajuda

Toda ajuda que se enquadra em um paradigma de justos e injustos, ou que perpetua o olhar dos bons e dos maus, é uma ajuda que inevitavelmente prolonga o sofrimento. Olhemos, se não, o mundo. Em algum lugar, onde ouve vencedores e vencidos, justos e injustos, dignos e indignos, vitoriosos e derrotados, se produziu um crescimento verdadeiro?

Isso não quer dizer, claro, que não nos defendemos dos criminosos, dos malfeitores, dos perigosos. Mas é necessário nos sentirmos melhores do que eles? Não se trata de arrogância e insulto sentir-se melhor ou mais justo que os demais? Podemos nos perguntar se aplicar a regra comparativa sobre as pessoas como instrumento dirigente da vida leva ao bem-estar ou ao mal-estar.

O ajudador  não toma partido. Retira-se a um centro vazio, como dizia Fritz Perls, sem intenções e sem medo, como agrega Bert Hellinger. Como essa atitude é possível? Por meio do acesso a mais partes de nossa verdade interior, por meio da meditação e da purificação. Caindo no centro do Ser e não no centro do eu. Estando em contato com a Grande Alma e não unicamente com a Alma Gregária, para além da consciência pessoal de nossas imagens pessoais sobre o bem e o mal, no grande silêncio. Aí onde tudo pode ser honrado e espontaneamente dignificado.

É muito comum que ajudadores de pessoas consideradas vítimas se irritem com os agressores, inclusive desejem seu mal, se mostrem indignados e desejam causar-lhes danos. No entanto, indicar os maus como maus e crucificá-los em nosso tribunal interior somente faz deles ainda piores. Não por acaso Jesus disse: “Ama teus inimigos”. Por quê? Para viver em paz, para que a paz seja possível. Para que aqueles que parecem nossos inimigos fiquem nus, íntegros e iguais com nosso olhar bom.

 

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Inter-relações

Continuam os preparativos para o workshop com Joan Garriga em Campinas 9 e 10 de Novembro. Agradecemos todas as inscrições deste final de semana. Se ainda não se inscreveu, aproveite até dia 25/09 o parcelamento em 4 vezes sem juros no cartão. A equipe do Sim à Vida pode ser contatada no email contato@simavida.com.br ou no telefone/whatsapp 19 997956325. Visite nosso site www.simavida.com.br . Nos vemos em Novembro!
O monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh escutou a oração gestáltica de Fritz Perls e decidiu escrever uma nova oração que a completasse. Intitulou-a “Inter-relações”:

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Sintonia

Você procura levar uma vida mais leve, em sintonia com aquilo que é? Você já leu a obra do renomado terapeuta espanhol Joan Garriga? Ele é autor de vários livros, entre eles, os editados em português são: “Onde estão as moedas?”, “Viver na alma”, e “O amor que nos faz bem”. Acesse nosso site www.simavida.com.br e leia no blog trechos de sua obra.
Este ano teremos o privilegio de poder receber Joan em Campinas. Você já fez sua inscrição para o workshop com ele nos dias 9 e 10 de Novembro? Aproveite até o dia 25 de Setembro as condições especiais de parcelamento em quatro vezes sem juros. A equipe do Sim à Vida está a disposição e pode ser contatada pelo email contato@simavida.com.br ou pelo telefone/whatsapp 19 997956325. Nossas vagas são limitadas, garanta a sua.

www.simavida.com.br

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A procura pela felicidade

E se, como disse Joan, estivéssemos correndo desesperados atrás da felicidade para depois perceber que ela esteve o tempo todo tentando nos alcançar?
O nosso evento continua crescendo, agradecemos todas as inscrições e palavras cheias de carinho, estamos nos esforçando para tornar este encontro com Joan Garriga em Campinas nos dias 9 e 10 de Novembro um momento especial de crescimento e troca de experiências para todos.
Você conhece a obra do renomado terapeuta Joan Garriga? Visite nosso site www.simavida.com.br, leia nosso blog e faça sua inscrição ainda com parcelamento em quatro vezes sem juros (promoção por tempo limitado). Aproveite esta oportunidade de poder estar com o Joan no Brasil! A equipe do Sim à Vida pode ser contatada por email no contato@simavida.com.br ou pelo telefone/whatsapp 19 997956325. Nos vemos em Novembro!

 

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O quanto damos poder ao passado?

Tudo continua sendo preparado com muito carinho para o nosso workshop em Campinas com Joan Garriga 9 e 10 de Novembro no Hotel Vitória.
Você não conhece o Joan? Entre no nosso site: www.simavida.com.br e leia no blog trechos de sua obra e biografia. No mesmo site você pode fazer tua inscrição para compartilhar dois dias de aprendizados. Continuamos a disposição no contato@simavida.com.br. Nos vemos em Novembro!

 

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