O médico como remédio

“Fascinava-me o princípio da semelhança, base da homeopatia, e sobretudo o ‘fenômeno instantâneo’ que ela igualmente conhece. Ele revela que o corpo tem a capacidade de reestruturar-se instantaneamente mediante um impulso curativo correspondente, e que até mesmo fortes sintomas e quadros de doenças podem regredir em pouco tempo. A capacidade do corpo para uma remissão espontânea marcou minha busca por uma ação curativa e, apesar de minha convicção de que o fenômeno da cura vai além de nosso alcance, sempre me preocupei com a otimização de projetos integrais de tratamento.

Na homeopatia eu sentia dificuldade para encontrar a medicação adequada dentro do repertório, e também me incomodava a dependência com relação a remédios. Devo a meu sogro, K. J. Eick, o acesso à radiestesia médica. Em seu consultório aprendi não apenas a testar remédios homeopáticos para os pacientes, mas também a identificar no corpo deles zonas de perturbação. Esse método de sintonização é para mim até hoje uma base essencial no trabalho com as constelações. Com a aprendizagem desses métodos de teste comecei a entender os processos de cura como fenômenos de ressonância e de campo.

Meu ideal passou a ser, progressivamente, que o médico ou curador se torne ele próprio um remédio no sentido homeopático e que, por meio de sua presença no paciente, precipite as mudanças. O terapeuta é um catalisador da mudança curativa no paciente. Não é ele que cura, mas ele cria condições para que alguém se cure.

A busca constante de métodos eficazes de tratamento levou-me a Bert Hellinger num seminário de constelações. No trabalho com doentes, vivenciei Bert Hellinger como alguém que, sem a ajuda de remédios, por meio de sua percepção, de seu ser e de sua ação, tinha o poder de desencadear processos curativos em pacientes. Meu sentimento foi de ter encontrado o que buscava.

A partir do estudo da tradicional medicina chinesa e da patologia dos humores da Grécia antiga, em cujos modelos de pensamento a doença é vista como perturbação de uma ordem, não me era estranha a conexão entre saúde e ordem. Assim ficaram rapidamente claras para mim as compreensões de Bert Hellinger sobre ‘as ordens do amor’ nos sistemas humanos e sua potencial importância no contexto da medicina. Pela aplicação do método das constelações em doentes, evidenciou-se de imediato que não pode se exercer uma medicina integral sem a inclusão da família ou do ambiente social relevante do paciente.

Hoje o trabalho de constelações com doentes tornou-se a principal atividade de prática profissional diária. Note-se que esse procedimento não é um método autossuficiente. Ele constitui a pedra fundamental num modelo integral de tratamento ou de terapia. O ‘constelados’ é um assistente do médico ou do terapeuta, e não tem a intenção de substituir os seus métodos de tratamento e de aconselhamento. Contudo, principalmente quando procedimentos usualmente eficazes não proporcionam o resultado desejado ou esperado, olhar para o quadro de fundo multigeracional da família abre novas possibilidades adicionais.”

Trecho extraído do livro: “Constelações Familiares e o Caminho da Cura”, Ed. Cultrix. (Stephan Hausner)

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