A dor e suas posições existenciais

Diante da magnitude ou da gravidade de fatos dolorosos, algumas pessoas cedem a caminhos que as levam a clubes de sofrimento inútil: o dos queixosos, ressentidos, vítimas, justiceiros, vingadores, hedonistas, loucos, etc. Trata-se de posições existenciais edificadas para prevenir ou administrar as investidas que ferem quando é contrário ao que nosso coração desejou ou necessitou. Sem dúvida, afastam-nos de nosso centro e de nossa força. Quando o sofrimento toma a forma de posições existenciais estratégicas e manipuladoras como essas, quase nunca desperta a compaixão natural dos demais, senão o incômodo, já que sob o jugo da convicção que concede direitos lhes exige algo, os obriga a algo, os manipula. Está mais que superada a ideia de que o sofrimento concede direitos. Creio que não deveria ser assim, já que esse tipo de sofrimento faz sofrer os demais. Fere porque não respeita a responsabilidade e a dignidade entre iguais. Esse tipo de sofrimento não útil, posicional, faz sofrer os demais e impede sua liberdade.  Maltrata a vida, a entorpece. Na terapia reconhece-se pelos benefícios secundários que o suposto sofredor obtém. O bom terapeuta o confronta e o frustra para que o indivíduo possa se dar conta e assumir sua verdadeira responsabilidade.

Trecho extraído do livro “Viver na Alma”, Joan Garriga, 2011

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