Sobre dar para a vida o que temos para dar…

Às vezes não somos o que somos e não damos o que temos porque sentimos medo e desconfiança. Preferimos não arriscar. Optamos por não nos expor e nos retraímos. Mas temos que saber que é um pecado contra a vida não dar o que temos, e um pecado contra nós mesmos não ser o que somos. Todos possuímos algo diferente: alguns têm um destino anônimo e simples;  outros, um caminho notável e complexo; algumas são mães, outras não; alguns são camponeses, outros, trabalhadores, médicos, artistas ou oleiros. Alguns ficam solteiros – a maioria – se casam, procriam, etc.

[…]

Muitas vidas se amarguram por não seguir o ritmo do tambor que retumba em seus interiores (no âmbito que for: afetivo, profissional, social, espiritual, etc.), fracassam por não seguir a verdade dos próprios movimentos interiores, por não arriscar, por querer se manter a salvo na beira da aparente segurança, por medo da crítica, do desamparo, da pobreza, da solidão, de qualquer um dos quatro temíveis cavaleiros que se projetam no futuro. Contudo, nunca conheci alguém que, tendo seguido os verdadeiros rufares de seu tambor interior após reconhecê-los com clareza ( e às vezes integrando vozes contrapostas), se sentisse realmente perdido.

 

Texto extraído do livro: “A chave para uma vida boa”, Joan Garriga, Academia, 2017.

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