Quem sou eu?

“Quem sou eu? Essa é uma pergunta crucial que, em diversos momentos ao longo da vida, todos nós nos fazemos, e cuja resposta se desdobra em sucessivas camadas de pensamento e, acima de tudo, de experiência e compreensão interior.

O grande sábio hindu Ramana Maharshi propunha manter a constante dessa pergunta, como eco em todo o nosso ser, como exercício de indagação para acessar a verdade interior definitiva. Confrontado como tal pergunta, o indivíduo costuma inicialmente responde-la de maneira tão automática como periférica à sua verdadeira natureza. Responde aquilo que acredita que é, conceitos com os quais se identifica, seu modo de ser, sua empatia de sexo, posição social, papéis como filho, pai ou esposo. Responde com meros atributos de si próprio. É o que podemos denominar de autoconceito e atributos de identificação pessoal e social; em definitivo, o que habitualmente chamamos de ‘a identidade’. Pelo menos a identidade histórica e conceitual.

Essa identidade resulta do conjunto de experiências físicas, emocionais e mentais, valores e identificações, traços, crenças e características  pelas quais nos reconhecemos como indivíduos singulares. […]

No entanto o objetivo da pergunta ‘quem sou eu?’ é descobrir que não é possível encontrar uma identidade fixa e definitiva, que o mundo das identificações, as experiências e as formas estão em constante movimento. Tudo muda e tudo se move. Nossos pensamentos vão e vem, nossos sentimentos também, nossos condutas são inconstantes. Nossos papéis, que parecem tão fixos, ser mãe, por exemplo, ou primo, ou chefe, carecem da força de uma identidade realmente essencial. Inclusive ser homem ou mulher, que parecem identificações tão sólidas, biológicas e definitivas, não deixam de ser categorias conceituais ao mesmo tempo em que são simples veículos que a vida designa para casa um. Além disso, são fenômenos que desenham um traje para se viver, mas não nos diz nada sobre o alfaiate nem a fonte que tudo cria. Não respondem ao essencial.” (Joan Garriga)

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