Aceitação
“Para bem ou para mal, não governamos os afetos com nossa mera vontade; a linguagem do coração escreve em outro ritmo, sutil, decisivo e apaixonado, dificilmente quadriculado. Desse modo, muitos que não aceitam suas moedas e permanecem na queixa ou no ressentimento se comportam, quando mais velhos, como seus pais ou reproduzem comportamentos daninhos iguais aos recebidos.
O que de fato ajuda é realizar o processo de aceitar também o que foi difícil, e com isso talvez nos tornarmos mais fortes ou mais sábios. Ou seja, também o que parece negativo está a serviço da vida, e podemos aproveitá-lo a nosso favor. O sofrimento também é capaz de nos fazer mais plenamente humanos. Algumas pessoas que sofreram graves perdas ou traumas com seus pais, por exemplo, se superam e constroem uma vida com alegria e muito sentido. Em contrapartida, há pessoas que, amparando-se em pequenas frustrações com seus pais, se acham no direito de ter uma vida escassa ou penitencial e culpam os pais para justificar seus erros ou fracassos.
Devemos saber que nada nos impede de nos desenvolvermos bem, e que do passado conservamos apenas as cinzas em forma de imagens guardadas na mente. Que podemos transforma-las e ficar em paz com o que passou, ao menos com o que recordamos dele. E assim nos abrirmos ao presente, o lugar e o tempo do verdadeiro fogo de viver.
Em geral, as pessoas que realizam o processo interior de aceitar suas moedas e ficar em paz com seus pais e com sua história se sentem melhor consigo mesmas, estabelecem relações adultas e espontâneas mais facilmente e retribuem à vida com o que possuem.”
(Trecho extraído do livro: Onde estão as moedas? Joan Garriga, 2011)
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